Sob o tema “Que política para a língua portuguesa?”, realizou-se ontem a conferência inaugural do 1º Ciclo de Conferências do Observatório da Língua Portuguesa.
        
  11-11-2011
  
  
      
Intervieram nesta sessão, e na presença do Eng. Álvaro Pinto 
Ribeiro, presidente da Fundação Cidade de Lisboa, o Embaixador Eugénio 
Anacoreta Correia, como presidente e moderador, o Prof.Carlos Reis, 
conferencista,  e o jornalista José Carlos de Vasconcelos, como 
comentador.
Eugénio Anacoreta Correia, explicitando os objetivos deste Ciclo de 
Conferências e fazendo a apresentação dos intervenientes, disse:
Quero começar por agradecer a presença de todos nesta sessão de 
abertura do 1º Ciclo de Conferências promovido pelo Observatório da 
Língua Portuguesa.
Na vossa participação encontramos, o Conselho de Administração do
 Observatório e eu próprio, uma gratificante e animadora resposta para 
as interrogações que nos assaltaram quando decidimos assumir esta acção.
Com efeito, não ignoramos que são muito numerosas as realizações 
que, de uma forma ou de outra, constituem momentos de enriquecimento da 
reflexão sobre a nossa língua e o seu futuro, e que, por esse motivo, a 
nossa iniciativa poderia correr o risco de ser apenas mais uma igual a 
tantas outras.
Porém e, não obstante o receio decorrente dessa constatação, 
decidimos avançar com a organização deste Ciclo motivados por três 
 considerações  fundamentais:
A primeira decorre do desejo de ampliarmos o debate que iniciámos
 há precisamente um ano com a apresentação do nosso Sítio na internet. 
Sendo crescente a internacionalização da actividade do Observatório, 
afigura-se-nos que os desafios e responsabilidades que ela impõe só 
serão consistentemente abordados e correspondidos se fundarmos a nossa 
acção num alargado universo de parcerias e apoios. Este Ciclo tem em 
vista esse objectivo.
A segunda razão advém da nossa actuação de observatório que 
verificando o estatuto e a projecção da Língua Portuguesa no Mundo, 
conclui que eles (projecção e estatuto) são - e são cada vez mais - 
tributários da existência de uma política da Língua, que promova a sua 
internacionalização e potencie seu valor económico. Exactamente os temas
 das três conferências deste Ciclo que pretendemos fossem abordados em 
perspectivas complementares por quem se ocupa destas matérias na 
Universidade, na política, em empresa e na comunicação social.
Finalmente, a terceira motivação está associada à convicção de que a
 sociedade civil não pode ficar à margem da II Conferência Internacional
 sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial que decorrerá em Lisboa 
daqui a um ano.
Mais que outro, esse será o momento indicado para contribuirmos 
para a avaliação do grau de implementação já alcançado do Plano de Acção
 de Brasília, do empenhamento de cada um dos nossos Países, da CPLP e 
principalmente do IILP na concretização dos compromissos assumidos e nas
 tarefas que a cada um foram cometidas em 2010. Essa é, igualmente, a 
ocasião para sugerir novas abordagens e novas estratégias visando uma 
afirmação que tarda a ser realidade.
E para que tudo isso suceda, é necessário iniciar, desde já, a 
preparação dessa participação da sociedade civil que se pretende seja 
substantiva.
Estas três intenções induziram a nossa decisão que encontrou no 
entusiasmo do Dr. José Carlos Vasconcelos, na sua aceitação de 
comissionar este Ciclo e de comentar a sessão de hoje, um estímulo muito
 determinante.
Idêntico ânimo recebemos da parte dos restantes intervenientes 
(conferencistas, moderadores e comentadores das diferentes temas) que, 
de imediato, aderiram ao desafio que o Observatório lhes propôs.
A todos quero manifestar, de forma muito reconhecida, gratidão 
pelo valioso contributo que dão a este Ciclo, partilhando connosco a sua
 reflexão, a sua experiência e as suas expectativas sobre a crescente 
afirmação universal da Língua Portuguesa.

Desejo também agradecer à Fundação Cidade de Lisboa, na pessoa do
 seu Presidente, Eng.º Álvaro Pinto Correia, a disponibilização destas 
magníficas instalações para a realização de mais uma das nossas 
actividades. Permitam-me que refira que me é muito grato que o 
Observatório desenvolva a sua acção a partir desta Casa idealizada e 
levantada por Nuno Abecassis para ser, tal como a UCCLA o tem sido, uma 
  instituição que participa diariamente, de forma relevante e empenhada,
 na construção da Lusofonia.
Pretendo, ainda manifestar o melhor reconhecimento ao Banco BIC 
que patrocina este Ciclo, à Promethean, ao Jornal de Letras e ao Sapo.pt
 que connosco se associaram em parceria nesta realização.
A sessão desta tarde tem como conferencista o Professor Carlos 
Reis que deu à sua intervenção o título seguinte: “Para uma política de 
língua articulada. Agentes, instrumentos e cenários”.
Associado ao pensamento e à proposta de novas abordagens que 
contribuam para consagrar o Português como uma língua estratégica de 
comunicação internacional, é muito justamente reconhecido como uma das 
mais eminentes autoridades nesta matéria, sendo frequentemente citado em
 seminários e conferências dedicados a esse tema.
Desde a sua fundação em 2009, o Observatório da Língua Portuguesa
 tem recebido do Professor Carlos Reis uma relevante colaboração que 
fica hoje enriquecida com o facto de se ter deslocado do Brasil – de 
onde chegou esta manhã – para inaugurar este nosso Ciclo de 
Conferências. Não tenho outras palavras para lhe agradecer esta amiga 
disponibilidade que não seja com um sentido e muito português Bem haja!

É preciso transformar o poder da Língua em língua de poder
O Prof. Carlos Reis (ver nota curricular),
 na que foi a intervenção principal desta sessão, refletiu acerca de 
orientações estratégicas, de intervenientes qualificados e de obstáculos
 que se levantam a uma política de internacionalização da língua 
portuguesa.
Referiu a importância da ação do Estado como dinamizador da política 
de língua, com base em princípios fundamentais: o da relativa coesão de 
um idioma compartilhado por vários países e povos, cuja diversidade deve
 ser respeitada; o da solidariedade estratégica entre esses países, 
tendo em atenção que a todos interessa uma língua com vigor  
internacional; o da afirmação da língua como poder transnacional que 
dinamiza outros poderes, que não apenas o linguístico.
No caso português, considerou o conferencista que o Instituto Camões 
deveria ser dirigido por personalidade sem vinculação partidária.
Falando do documento “Plano de Ação de Brasília para a Promoção, a 
Difusão e a Projeção da Língua Portuguesa” que a VIII Conferência de 
Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua 
Portuguesa reunida em Luanda, a 23 de julho de 2010, decidiu 
implementar, disse que se tratava de um texto muito genérico e pouco 
vinculativo de entidades e prazos de execução. Rematou, dizendo que é 
necessário haver um comprometimento dos objetivos com as realizações.
Referindo-o ao IILP fez notar que, sendo cientifica e socialmente 
louvável o interesse pelas línguas maternas e pelo estudo da diversidade
 linguistica nos países da CPLP , este Instituto devia, no entanto, 
centrar a sua atividade e energia na promoção internacional da Língua 
Portuguesa. O IILP é o Instituto Internacional da Língua Portuguesa.
Por fim, analisou temas potencialmente melindrosos,  que condicionam 
muito do que se quiser fazer em matéria de política de 
internacionalização da língua portuguesa: a vontade política, a imagem 
do Brasil e a lusofonia (termo e conceito).
Concluiu, dizendo que era preciso transformar o poder da Língua em Língua de poder.

Seguiu-se a intervenção do comentador José Carlos de Vasconcelos (ver nota curricular)
 que, em síntese, se referiu à importância da Língua Portuguesa como 
património de enorme valor, tendo considerado que deveria ser criada uma
 entidade, transversal aos organismos de poder, que congregue pessoas e 
instituições para refletir e propor medidas com vista à valorização do 
estatuto da Língua Portuguesa no mundo. Referiu também o papel de 
serviço que a RTP Internacional e RTP África exercem em favor da imagem 
do português.
Os subsequentes comentários deste jornalista e poeta constituiram, 
então, um magnífico ponto de partida para o diálogo que se estabeleceu 
com a plateia, tendo-se registado diversas intervenções sobre questões 
relevantes relacionadas com o anteriormente exposto.

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